O ser humano é parte da natureza, e não seu proprietário. Sem a floresta não há água, e sem ela não há vida. É a água que garante a comida no prato, o sapato, a calça jeans, o computador… Com seu séquito de desequilíbrios, a crise ambiental que se apropriou do planeta há décadas é causada pelo uso desmesurado dos recursos naturais, e, dentre eles, a água.
A fartura hídrica em Santa Catarina está vinculada a chuvas regulares sobre as 10 regiões hidrográficas e os inúmeros aquíferos existentes, estando 158 dos 295 municípios existentes situados em cima dos sistemas aquíferos Guarani e Serra Geral. Dos 158, em torno de 80% são abastecidos pelos aquíferos e, neles, cerca de 30% do PIB catarinense é produzido.
Num momento em que a ONU reconhece a água como um direito humano fundamental, os pesquisadores do Projeto Rede Guarani/Serra Geral (RGSG) especialistas em vários campos do conhecimento, dedicam-se a esmiuçar as características, o potencial e as fragilidades desses dois gigantes reservatórios subterrâneos.
Desde 2006 a Rede estimula e congrega pesquisas desenvolvidas por várias instituições de diferentes regiões do Estado. E já implementou linhas de investigação no âmbito acadêmico com vistas a orientar o uso racional e a gestão integrada da água, recurso considerado um inestimável patrimônio de Santa Catarina.
A ideia do uso parcimonioso dos reservatórios subterrâneos conquista cada vez mais adeptos no meio acadêmico e no governamental. Os simpatizantes da ideia condicionam qualquer aumento da utilização a campanhas de esclarecimento, baseadas no princípio de que só é possível conservar aquilo que se conhece.
Por certo, a vitalidade de todos os aquíferos depende de uma revisão de hábitos de consumo e de métodos produtivos. A opção por um modelo de vida e de economia centrado na sustentabilidade do uso da água certamente tende a influenciar os gestores públicos a implantar políticas de gerenciamento do conjunto dos recursos naturais. E essas políticas não garantirão apenas a qualidade dos sistemas aquíferos Guarani e Serra Geral, mas de toda a água doce existente no território estadual.
Uma das principais vantagens do uso das águas subterrâneas no abastecimento público, por exemplo, é a economia de dinheiro. Para explorá-las não é preciso construir barragens, adutoras de recalque e estações de tratamento. Além disso, como os poços de captação podem ser instalados próximos às estações de distribuição, não há necessidade de implantação de quilômetros de tubulações, o que reduz os custos operacionais em aproximadamente 20%. E levando-se em conta vários outros fatores, ao final do processo o metro cúbico da água subterrânea custa 65% menos em comparação ao da água superficial.
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