Os múltiplos e reveladores “Olhares Catarinenses”

A abertura da exposição do concurso de fotografia organizado pela Fecam, com imagens de todas as regiões catarinenses, atraiu olhares curiosos e emocionados no final da tarde dessa quarta-feira (8/12), no hall da Assembleia Legislativa.

Lá, eram exibidas 60 fotos coloridas ou em preto em branco escolhidas entre 564 inscritas. No tamanho 65 x 50 centímetros cada uma se encaixava em um dos temas estabelecidos: Belezas Naturais, Patrimônio Histórico e Nossa Gente.
Natural de Laguna, Ronaldo Amboni Netto, 57 anos, vivendo da fotografia há 12 anos, escolheu o terceiro tema e produziu um impactante retrato em P&B.

A obra conferiu status de notoriedade a Pepinha, um conhecido carnavalesco lagunense de 77 anos, que depois de uma queda atualmente necessita de uma muleta para se locomover.
Aos que o parabenizavam pelo trabalho Ronaldo falava das transformações provocadas pela fotografia em sua própria vida:
– Um dia eu voltei de uma viagem de trabalho e uma das minhas filhas me presenteou com uma máquina.

Baixei o manual da Cannon XS na internet em PDF. Em seis meses fiz 60 mil fotos. Quando minha mulher perguntou se eu não ia trabalhar mais como representante comercial fiz um álbum e comecei a mostrar na cidade.

Acabei recebendo várias encomendas de quadros com aquelas imagens. E não parei mais. Hoje dou curso sem nunca ter estudado fotografia. E garanto, olhar não se ensina. Cada um tem o seu.
Ironicamente Ronaldo ensinou a filha presenteadora a fotografar, o que estimulou a jovem a procurar oportunidades de trabalho nos Estados Unidos. Hoje, já casada, reside em Orlando, na Flórida, e sobrevive fotografando casamentos e recém-nascidos.

Representantes das 21 associações de municípios participaram do projeto Olhares Catarinenses. A exposição segue até 14 de janeiro, quando haverá o lançamento de um livro reunindo as 60 imagens.

Para o idealizador do projeto, jornalista José Augusto Gayoso, o principal mérito do concurso aberto a amadores e simpatizantes, foi mostrar como as pessoas estão vendo suas cidades. O resultado é tão positivo, informou, que já há prefeituras de outros estados solicitando o regulamento do concurso.
De acordo com o presidente da Fecam Clenilton Pereira, o sucesso da iniciativa é resultado do envolvimento de todos os protagonistas do processo, a começar pela própria Fecam. E incluiu no esforço as associações de municípios, as prefeituras, a Assembleia Legislativa bem como o governo do estado através da Santur e da Fundação Catarinense de Cultura.
Curador da exposição, o fotojornalista Antonio Carlos Mafalda lembrou que a fotografia vai além da obtenção de imagens:
– Ela é a ponte que liga o desconhecido ao mundo. Há anos venho utilizando a fotografia para dar voz a quem não tem. A fotografia me ensinou a ouvir a verdade – proclama.

Texto: Imara Stallbaum