Dia de campo destaca papel da mulher na Cooperja
Não fossem os longos cabelos grisalhos, pelo porte físico, bem que ela poderia parecer uma despretensiosa jovem visitando uma feira de agronegócios. Mas, aos 54 anos de idade, Clenis Silva Azevedo Velho teve vários motivos, além do lazer, para se fazer presente à 18ª edição do Campo Agroacelerador, da Cooperja, nos dias 2 e 3 deste mês. Na verdade, ela participou do evento, realizado numa área de 14 hectares, na localidade de Picadão, em Jacinto Machado, sul de Santa Catarina, como produtora rural associada da cooperativa e integrante do grupo de mulheres responsáveis pelo Horto de Plantas Bioativas da instituição, iniciativa nascida de uma parceria com a Epagri.
A agricultora, o marido e um dos filhos do casal – são três ao todo – residem na localidade de Pinheiro do Meio, onde plantam fumo e milho de forma alternada. Clenis faz questão de cuidar ainda de uma horta e das galinhas. Por certo, lá, as coisas não são mais como antigamente, quando “tudo era feito no cabo da enxada”, como ela costuma dizer. Mas, ironicamente, a produtora rural acabou vítima de uma doença muito conhecida do meio urbano contemporâneo e até certo ponto desconhecida no meio rural décadas atrás.
Do mal, ou seja, a depressão, curou-se graças à poderosa convivência e às conversas com as companheiras do horto. Nesses contatos, e também em eventos promovidos pela cooperativa, aprendeu sobre empoderamento feminino e o estratégico papel das plantas medicinais no combate aos problemas do corpo e da alma. “Passo alecrim e babosa no cabelo para ficar bonito”, revela, relacionando mais de duas dúzias de espécies vegetais cultivadas no seu horto particular e frequentemente utilizadas: alecrim, hortelã, poejo, funcho, cana cidreira, camomila, alfavaca…
A história de Clenis tem a ver com uma decisão tomada pela Cooperja em 2009, de passar a valorizar o empreendedorismo feminino, fato que tanto orgulha o presidente Vanir Zanatta. Dali em diante, surgiram novos olhares internos enquanto externamente, no universo do agronegócio em geral, a mulher foi conquistando o direito a decidir. Em 7 fevereiro de 2019, o fenômeno acabou transformando a engenheira agrônoma Edilene Steinwandter na primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Epagri. A empresa apoia a agricultura familiar e o cooperativismo agroindustrial com pesquisa, inovação e extensão rural.
A decisão de 2009 ajuda a entender o porquê de a Cooperja ocupar o primeiro lugar entre as cooperativas de arroz do Brasil. Ela faz parte, também, do seleto grupo das 500 maiores empresas do agronegócio brasileiro, como atesta a 10ª edição do Anuário do Agronegócio publicado pela Revista Globo Rural em 2014. Na ocasião, a instituição ocupou a 247ª posição no ranking, melhorando 27 posições em relação ao ano anterior.
Texto: Imara Stallbaum
Fotos: Antonio Carlos Mafalda
Comentário (1)
Parabéns pela cobertura do evento Mafalda , cooperativismo de SC referência mundial alcançando elevados índices de produtividade com respeito as questões sociais e ao meio ambiente , sempre com a verdadeira visão holística.