Mafalda e seus sentimentos
Neste tempo de pandemia, cada minuto é uma eternidade durante a qual oscilo entre sentimentos que me levam a duas situações. De um lado pesquiso sobre a fotografia. De outro, busco novas oportunidades e motivações. Por isso deixo aqui o pensamento de fotógrafos como Ansel Adams e de cineastas como Pier Paolo Pasolini.
A fotografia é como a imagem da contenção, impondo a estética do enquadramento e , ao mesmo tempo, a insinuação de um resto que escapa, que vai além, abrindo as portas do imaginário.
Ansel Adams
Eu penso ser tão importante levar ao povo a prova da beleza do mundo da natureza e do homem quanto oferecer-lhe o documento da feiura e do desespero.
Pier Paolo Pasolini atento a declaração do pensamento arcaico, quase desesperado com os perigos associados ao esgotamento do sagrado no mundo contemporâneo filmou Medéia, lançado em 1969. No início do filme tem uma narrativa que o minotauro fala ao filho de 13 anos:
– Não há nada de natural na natureza, meu pequeno. Guarde isso na sua mente, quando a natureza te parecer natural, tudo terá acabado. E começará alguma outra coisa. Adeus céu! Tão perto! Feliz! Diga, não te parece mesmo pouco natural, qualquer pedacinho dele?
Não te parece que pertence a um Deus? Assim como o mar, neste dia em que fazes 13 anos e estás pescando com os pés nas águas mornas? Olha atrás do teu ombro. O que vês?
Talvez alguma coisa natural? Não, é uma miragem que percebes atrás de ti, com as nuvens, que se espalham na água parada, pesadas, das três da tarde. Olha lá longe, aquela linha escura sobre o mar, brilhante como o azeite, aquelas sombras de árvores e aqueles canaviais.
Em cada ponto aonde teus olhos pousarem, estará escondido um Deus. E se por acaso ele não estiver, é porque deixou te lá os sinais de sua presença sagrada.
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