Pouca chuva não acaba com a agonia da estiagem

Pouca chuva não acaba com a agonia da estiagem

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A chuva irregular que caiu sobre São João do Oeste, no Extremo Oeste catarinense, nos últimos dias, trouxe um pouco de esperança, mas não conseguiu interromper a operação de guerra montada pelo Samae para enfrentar o rebaixamento da vazão dos rios locais. A caótica situação hídrica do município não chega a ser uma novidade. Afinal, há já dois anos a prefeitura de São João assinava um convênio com a vizinha Itapiranga obtendo o direito de retirar do Rio Uruguai a água a ser usada no abastecimento de suas estações de tratamento. Os inúmeros deslocamentos dos caminhões percorrendo os 27 quilômetros que separam os dois municípios indo e retornando, chegam a custar R$ 15 mil por dia.
No comando da operação de guerra, Cleiton Kroetz, diretor do Samae tem dormido pouco e trabalhado muito, aliás como acontece com a totalidade de sua equipe de 16 pessoas, o dobro do time dos tempos de “paz”. Não raro às 5 horas é acordado por mensagens no celular relatando problemas. Volta para casa por volta das 18 horas – embora fique atendendo ligações ao longo de mais duas horas- com direito a um banho relâmpago e a sonhar com água como ocorre frequentemente.

Fora do dicionário

Apesar de São João do Oeste ser conhecido como a capital catarinense da língua alemã, na prática, a expressão mais ouvida por lá nos últimos tempos é em português e sequer consta nos dicionários: “Puxe de água”. Usada em quase todos os pontos do Oeste castigados pela seca, ela define a operação de retirada e transporte de água para determinado lugar. Segundo Cleiton, no dia 2 de dezembro de 2021 foi a quarta vez no ano que o Samae teve de apelar para os puxes sem interrupções, prosseguindo até os dias de hoje, quando está à beira do colapso no abastecimento.
A intensidade da estiagem levou à perda de 40% nas lavouras de milho e continua impressionando todos os que cruzam a ponte sobre o Rio Fortaleza, na parte central da cidade. A exemplo do que ocorre com outros três rios que abastecem ou deveriam abastecer a população de São João, ele está seco. Ao contemplá-lo, sumido no meio das pedras, uma moradora lembra que, ironicamente, em períodos de cheias, o curso d`água costuma transbordar, cobrindo a ponte.
Texto: Imara Stallbaum

Fotos: Antonio Carlos Mafalda

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