Henrique Lage, um gênio carioca que Imbituba não vai esquecer

Henrique Lage, um gênio carioca que Imbituba não vai esquecer

Compartilhe:

De todos os fatos ocorridos na história de Imbituba, distante 90 quilômetros de Florianópolis, um, particularmente, fez a diferença: foram os 29 anos em que Henrique Lage dividiu-se entre administrar seu império particular distribuído pelo Brasil e os negócios inaugurados no município do sul catarinense. Numa época em que Imbituba era apenas um distrito de Laguna, o obstinado empreendedor carioca promoveu um choque de modernidade que ainda hoje impressiona, 140 anos depois de seu nascimento.

Apareceu no dia 2 de novembro de 1912, desembarcando no trapiche de ferro e madeira construído em 1871 por engenheiros ingleses. Depois da descoberta das jazidas de carvão no sul catarinense, ainda no século 19, Imbituba foi escolhida para sediar o porto que escoaria o mineral para o sudeste do país. Concretizando um idealizado tripé mina-ferrovia-porto, o carvão seria transportado das minas situadas na cabeceira do Rio Tubarão para o porto através da estrada de ferro Dona Tereza Cristina, então em construção.

No início do século 20, já com a desistência dos ingleses, a concessão das minas de carvão e da ferrovia acabou transferida para sua família, o que também incluiu o porto. Foi para continuar cuidando dos negócios familiares, portanto, que Lage desembarcou em solo imbitubense.
O navio que o trouxe a Santa Catarina pertencia à Companhia Nacional de Navegação Costeira, de sua propriedade. Constituiu-se durante muito tempo na principal empresa de navegação de cabotagem, transportando cargas e passageiros de norte a sul do Brasil. Os negócios com a navegação de cabotagem representavam apenas uma parte do império Lage.
Há quem o compare ao barão e depois visconde de Mauá, o notável empresário, industrial, banqueiro, político e diplomata brasileiro, considerado um símbolo entre os empreendedores do Brasil no século 19. Lage nasceu em 14 de março de 1881, ainda na monarquia e a oito anos da proclamação da República. Estudou canto lírico e casou-se com a italiana Gabriela Besanzoni, a maior contralto do mundo na época. Apreciava a boa mesa, as melhores bebidas e era rico de nascença.
Empreendedor, aportou em Imbituba, um simples povoado, por causa do carvão, o petróleo daquela época. Empreendedor visionário, logo percebeu que a indústria dos transportes marítimos estava intimamente ligada à produção carbonífera, para geração de energia nas caldeiras, e à construção naval. A cada inovação Imbituba foi percebendo o quanto era positivo ser palco para a criatividade empreendedora de um empresário genial como ele que, durante um terço da vida, dividiu seu tempo entre Imbituba e o restante do Brasil. É considerado o idealizador do Porto de Imbituba, um patrimônio da cidade que registra crescimento permanente na movimentação de cargas para quatro continentes.

Texto: Imara Stallbaum

Fotos: Antonio Carlos Mafalda e site navioseportos.com.br

Compartilhe:

Compartilhe esta postagem

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *